19.3.08

Verso do Adverso
por Silvio T Corrêa

(saindo da zona de conforto)

— Ah! Cheguei lá e fui logo procurando pelas comunidades brasileiras!

É comum ouvirmos essa declaração de pessoas que viajaram ao exterior, especialmente para países onde o espanhol — nesse, o pessoal até arrisca — e o português, em especial, não sejam a língua nativa.

O benefício da adversidade, que é o ganho de conhecimento; o exercício da comunicação; a vivência de valores regionais; a troca de informações e o crescimento como ser humano, não ficou nem em segundo plano. Ele não existiu! Ficou perdida a chance de valorizar a própria existência.

Quando geramos contatos, quando participamos de simpósios, congressos e feiras, quando queremos fazer negócio, precisamos procurar nos relacionar com o contrário, buscando o verso do que nos parece adverso, sair da nossa, famosa, "zona de conforto"! Só assim ganharemos bagagem profissional e cultural.

Aliás, não sei se fugir à adversidade, é uma mania da maioria do povo brasileiro, mas somos insistentes nessa característica. Veja só: "Ah não! Aquele ali é muito diferente de mim. Não dá pra fazer negócio com ele!"; "Que chato! Esse pessoal só conversa sobre trabalho! — Você vai a um determinado congresso e queria que eles conversassem sobre o que? —; "O cara é "muito" — ou "pouco" — pra mim. Não vai dar pra conversar!". São expressões corriqueiras, também, na vida social.

Que ninguém se engane ao pensar que quem chega ao topo é porque a vida lhe sorriu, apenas. A vida nos entrega oportunidades e, normalmente, oportunidades adversas. Tem um ditado, verdadeiro para mim, que diz algo parecido com: "A importância de caminhar não é a chegada, mas o próprio caminho." Muito verdadeiro!

São tantos exemplos que a natureza nos dá, mas acredito que o mais emblemático, nesse caso, seja o da borboleta rompendo o casulo adverso. É desse esforço, que suas asas ganharão forças para alçar vôo.

Não adianta procurar receitas, pois elas não existem. Nunca existiram, nunca existirão! Só a experiência do dia-a-dia, lhe trará a experiência e a sabedoria causada pela adversidade. Lhe trará o verso do adverso! 

Só depende de nós!

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10.3.08

Se cativas ...
por Silvio T Corrêa

Seduzir, cativar, ganhar a simpatia, é sempre uma atividade gratificante. O convite para o café, o sorriso aberto, o elogio, tudo faz parte do "cativar", do seduzir, e que acontece a todo momento, seja entre colegas, amigos, casais, pais e filhos.

Em comunidades então, é freqüente o ato, mais inconsciente do que consciente, de cativar.

Esse é o grande problema! E que fez com que a citação de Antoine de Saint-Exupéry "Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas." —, se tornasse conhecida e citada ao vento de todas as direções.

Deixamos de perceber, por exemplo, que ao darmos um cartão de visitas, fazemos uma ação de cativar, de nos aproximar. É mais do que um pedaço de papel que estamos entregando. Estamos dizendo: "Olha, meu telefone está aqui! Me liga!"

Em comunidades do tipo condomínio residencial, é importante o ato de cativar conscientemente. Quando fazemos um bolo, um pão, e levamos ao nosso vizinho, estamos procurando ser cativantes, conquistar a simpatia. Precisamos participar para sermos cativantes e deixarmos que nos cativem.

Quando buscamos cativar, fica implícito que buscamos um relacionamento. Ao chamar alguém pra conversar, pra bater um papo ou tomar um chope, estou, naturalmente, me colocando a disposição pra conversar, pra tomar um chope. Não posso dizer: "Desculpe, eu chamei mas não posso ir."

Não somos responsáveis, apenas, por aquilo que cativamos. Somos, também, responsáveis por aquilo que não cativamos. Se me sinto só, sou o responsável pelas amizades que não cativei.

Tão gostoso quanto cativar é perceber que estamos sendo cativados. É uma sensação muito boa, que massageia o ego e aumenta a nossa auto-estima. E as vezes vem de forma tão inesperada, que nos assustamos e ficamos sem ação, como estatuados.

Então, a ordem do dia é "cativar". Cativar a esposa, a namorada; os filhos e enteados; o colega de trabalho que fica no final do corredor e que nunca falamos com ele; o vizinho, da esquina; o guarda noturno; o vigia e o zelador do prédio; o amigo que não vemos e não falamos há mais de 1 ano; o irmão, que a distância separou. Cativa, cativa sempre!

Eu, da minha parte, vou tentando cativar você.

Abraços

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