Palestrante. Esse ilustre desconhecido.
por Silvio T Corrêa
A cada propaganda que recebo de eventos, conheço novos palestrantes desconhecidos. A febre que já estava, há algum tempo, alta, parece que estourou o termômetro do bom senso e acusou a falta do simancol (http://www.dicionarioinformal.com.br/definicao.php?palavra=simancol&id=3511) na caixa de remédios.
Mas também pudera! Até eu, que já quis um dia ser palestrante conhecido, tenho pensado em retomar a atividade. O pessoal paga muito bem para um sujeito falar durante 2h, quando muito e sem descontar o tempo das “dinâmicas”. Ta certo, tem muito palestrante bom e sério, e esse é o grande problema. Os bons, sérios e consagrados — por serem bons e sérios —, nós já conhecemos. Os bons, sérios e desconhecidos, que renovariam os antigos, ficam misturados à raia miúda ou àqueles que querem participar da festança.
Vamos ser sinceros. Depois que o David (modernoso), ou Davi (do passado), falando errado, ganhou(a) dinheiro palestrando sobre as estratégias que funcionavam para um negócio do porte de uma banca de doces, e que acharam que serviriam para grandes empresas, eu também passei a achar que a minha história de sucesso na construção de uma casinha de cachorro, pudesse render uns trocados se eu a contasse, em palestras, para empresas de construção civil. Infelizmente — para mim, é claro —, elas queriam alguém que já tivesse construído, e vendido, uma quantidade maior de casinhas de cachorro.
A gente acaba, sem querer, sendo cruel, mas não tem jeito. Eu, particularmente, acho um absurdo que as empresas, que não sejam de desportos, contratem o excelente jogador, e profissional, Oscar Schmidt como palestrante. Mas é ainda mais absurdo contratarem alguém. por ser irmão do Oscar.
Meu filho está me avisando, aqui ao meu lado, que vão me chamar de palestrante frustrado. É capaz de terem razão, pois eu sempre quis ser, desde a primeira mini-palestra, em 1992, na OAB/RJ, para o pessoal de processamento de dados. Mas acho que a minha vontade não era tão grande. Afinal, naquela época, não pagavam tanto quanto agora.
O termo palestrante gera 1.450.000 ocorrências, em páginas brasileiras, no Google. A primeira ocorrência já avisa que ela tem os 100 melhores palestrantes do Brasil e convida o Lula pra ser um futuro palestrante. Eu nem gosto dele, mas reconheço que esse sim, tem muito pra ensinar.
Esse texto está tão gostoso de escrever que nem dá vontade de parar, mas infelizmente tenho que sair. Vou assistir uma palestra. “Como ser um palestrante de sucesso, em 10 lições.”
Marcadores: Crônica, Motivação, palestra, palestrante
1 Comentários:
Legal estas suas crônicas. Você escreve fácil!
E o tema rende umas boas críticas, pois a indústria das "palestras motivacionais" é vergonhosa.
Aliás, estamos juntos lá pelo LinkedIn. A sua opinião na discussão do Valdir, da Altamídia, foi precisa.
Valeu, irmão. Aqui estamos.
Abel
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