19.5.09

Palestrante. Esse ilustre desconhecido.
por Silvio T Corrêa

A cada propaganda que recebo de eventos, conheço novos palestrantes desconhecidos. A febre que já estava, há algum tempo, alta, parece que estourou o termômetro do bom senso e acusou a falta do simancol (http://www.dicionarioinformal.com.br/definicao.php?palavra=simancol&id=3511) na caixa de remédios.

Mas também pudera! Até eu, que já quis um dia ser palestrante conhecido, tenho pensado em retomar a atividade. O pessoal paga muito bem para um sujeito falar durante 2h, quando muito e sem descontar o tempo das “dinâmicas”. Ta certo, tem muito palestrante bom e sério, e esse é o grande problema. Os bons, sérios e consagrados — por serem bons e sérios —, nós já conhecemos. Os bons, sérios e desconhecidos, que renovariam os antigos, ficam misturados à raia miúda ou àqueles que querem participar da festança.

Vamos ser sinceros. Depois que o David (modernoso), ou Davi (do passado), falando errado, ganhou(a) dinheiro palestrando sobre as estratégias que funcionavam para um negócio do porte de uma banca de doces, e que acharam que serviriam para grandes empresas, eu também passei a achar que a minha história de sucesso na construção de uma casinha de cachorro, pudesse render uns trocados se eu a contasse, em palestras, para empresas de construção civil. Infelizmente — para mim, é claro —, elas queriam alguém que já tivesse construído, e vendido, uma quantidade maior de casinhas de cachorro.

A gente acaba, sem querer, sendo cruel, mas não tem jeito. Eu, particularmente, acho um absurdo que as empresas, que não sejam de desportos, contratem o excelente jogador, e profissional, Oscar Schmidt como palestrante. Mas é ainda mais absurdo contratarem alguém. por ser irmão do Oscar.

Meu filho está me avisando, aqui ao meu lado, que vão me chamar de palestrante frustrado. É capaz de terem razão, pois eu sempre quis ser, desde a primeira mini-palestra, em 1992, na OAB/RJ, para o pessoal de processamento de dados. Mas acho que a minha vontade não era tão grande. Afinal, naquela época, não pagavam tanto quanto agora.

O termo palestrante gera 1.450.000 ocorrências, em páginas brasileiras, no Google. A primeira ocorrência já avisa que ela tem os 100 melhores palestrantes do Brasil e convida o Lula pra ser um futuro palestrante. Eu nem gosto dele, mas reconheço que esse sim, tem muito pra ensinar.

Esse texto está tão gostoso de escrever que nem dá vontade de parar, mas infelizmente tenho que sair. Vou assistir uma palestra. “Como ser um palestrante de sucesso, em 10 lições.”

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5.5.09

Domínio em sala de aula
por Silvio T Corrêa

Definitivamente não é uma coisa fácil ter domínio de sala de aula. Já é difícil em treinamento e palestras, onde existem recursos, normalmente melhores, onde a interpretação faz parte da cena. Que dirá da sala de aula, seja do 1º, 2º grau ou superior?

Dei aula para um curso de Administração de Empresas, que vale a pena comentar.

Comecei com a cadeira de informática, com um pequeno detalhe: não tinha laboratório de informática e eu não podia utilizar o recurso de projeção, pois para a “diretora”, o professor bom dá o recado no gogó, no giz e na lousa — é bem verdade que tem professores que, se deixar, em cada aula é um filme, mas não é disso que estamos falando.

Mas tem mais! Por mais que você seja inventivo, tenha uma fértil criatividade, como dominar uma sala de aula onde a faculdade permite que os alunos – grande parte – levem a prova para fazer em casa? Fica difícil né?

Não, não fica! Ficou difícil pra mim!

Em treinamentos — mesmo aqueles que levam uma semana — e palestras, eu consigo manter o pessoal focado, e olha que não tenho olhos azuis. Mas em sala de aula normal, não tem jeito. Sou um fracasso! Ou pelo menos fui — pode ser que mude em uma nova oportunidade!

Tem pessoas que detêm um enorme “poder” de domínio de classe e sem grandes esforços. Não importa se os alunos são crianças ou adultos de 40 anos. O poder desses professores é irresistível! Certamente você já conheceu algum.

Acho isso fascinante!

Mas o que gera esse “dom”, e será que ele é inato?

Particularmente não acredito que seja algo, exclusivo, de nascença, ainda que possa ter nascido com esse “gene”.

Com certeza é alguém que se preocupa com os alunos, além da sala de aula.

Estou “ouvindo” algumas pessoas dizerem: “Isso não é problema do professor!”.

É sim! É um problema do Aluno, da Família, do Professor, da Escola e do Estado. Cada qual com a sua parte, mas funcionando numa matriz de “interpartes”.

Tem professor que xinga aluno e quer respeito. Tem professor que acha que quando está em sala de aula, está fazendo um favor. Tem professor que acha que ganha mal — e muitas vezes, ganha mal mesmo —, e utiliza como desculpa, para ser um professor medíocre; sem atentar que sendo medíocre, merece mesmo ganhar mal.

Ser professor, público, passou a ser uma garantia de vitaliciedade, e não mais do que isso. Ser professor, público ou privado, passou a ser uma escapatória para a escassez de postos de trabalho, ainda que essa escassez já tenha diminuído muito.

Mas a natureza é sábia!

Alguns desses professores, que foram parar em sala de aula, descobriram lá, a sua verdadeira vocação, mostrando-se exímios mestres na arte de ensinar e educar. E esse binômio, ensino – educação, é visto, mesmo, nos níveis superiores.

Tem professor que acha que sendo “bonzinho” ganhará a simpatia dos alunos, ou que sendo durão e gritando em sala, ganhará o “respeito”. Professor, assim como os pais, precisa impor limites. Ser amigo na hora certa, mas também ser rígido quando precisar.

Peço, de coração, uma salva de palmas aos Professores que merecem esse título; o de Mestre! Não é pra qualquer um!

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