16.2.08

Atuando em comunidades.
por Silvio T Corrêa

Há décadas as pessoas atuam em comunidades e parece que nada aprenderam ou, então, atropelam os ensinamentos adquiridos e, cegos pela oportunidade do business, esquecem-se que qualquer negócio, financeiro ou não, da amizade ao casamento, da venda de um lápis ao fechamento de uma grande fusão, começa com um aperto de mãos; um "boa noite!"; um olhar; um café; um suco; uma água.

O relacionamento é a chave capaz de escancarar todas as portas à sua frente. Mas também tem a capacidade de trancá-las com sete chaves e mais alguns cadeados.

Depois de 12 anos atuando, como participante ou facilitador; em comunidades empresariais, de negócios ou de discussão; pela web, por e-mail ou até presencialmente, em processos de imersão; e nas mais variadas situações do cotidiano, acabo concluindo que poucos sabem cativar, manter e fazer prosperar  um relacionamento. Quando acontece, e não são poucas vezes, é por obra do acaso, e ainda que tenha igual validade, não foi uma opção consciente. Por opção consciente, me refiro ao desarme, de peito e braços abertos, sem qualquer discriminação ou prejulgamento.

Talvez digam que estou errado, que o relacionamento deve ser algo espontâneo, mas se deixarmos ao acaso, poucos florescerão.

Uma pessoa, por exemplo, não pode agir de uma maneira em uma comunidade, de outra maneira em outra comunidade ou ainda, ter comportamentos diferentes no ambiente virtual do ambiente presencial.

Em qualquer comunidade, quando chego, no mínimo me apresento para que todos saibam que estou ali e quem sou eu. A partir daí, é participar, pois não dá pra criar um relacionamento ficando escondido atrás da pilastra, ouvindo — ainda que possa estar aprendendo —, a conversa dos demais.

Claro, sou à favor de "cada um na sua", no seu tempo, na sua opção! Sei que existem os mais tímidos, os que se sentem acuados por motivos variados. Existem também os mais afoitos, que entram "de sola". Existem todos os tipos de figuras, em qualquer comunidade. No entanto, se você pretende crescer, criar coisas novas, através de uma comunidade, não pode ficar apenas absorvendo o que ela oferece. É preciso que seja, também, doador; doador de conhecimentos, doador de informações, doador de dúvidas. O crescimento da comunidade, acredite, também depende da sua doação.

O relacionamento sempre foi algo fantástico e ficou ainda mais após a internet. Ao mesmo tempo que a rede ampliou as possibilidades, permitiu, oferecendo o escudo do anonimato, que as pessoas disponibilizassem um lado, reprimido pelas regras de comportamento em sociedade — necessárias à nossa evolução como seres humanos —, mais "toma lá da cá" e "bateu, levou", sendo as respostas, as posições, colocadas de pronto, sem qualquer ponderação.

Com o tempo esse comportamento foi modificando e começou a ficar entendido que o ambiente virtual, na questão comportamento,  é muito pouco diferente do presencial. Ao contrário, é mais difícil! Os cuidados precisam ser redobrados, tanto por parte do emissor como por parte daquele que recebe a mensagem. Não temos todos os sentidos trabalhando e a imaginação pode voar longe, nos levando à equívocos.

Bem, o assunto é longo e tanta gente já escreveu sobre ele, que eu paro por aqui.

Esteja em Paz!